Flamengo é Flamengo. Na véspera da partida, Joel Santana usou a frase de Ronaldinho para dizer aos jornalistas argentinos que o time dele jogaria contra o Lanús para vencer, mesmo fora de casa. Só que o Flamengo de Joel jogou com quatro volantes no meio-campo, não teve rumo e careceu de criatividade. Saída de bola? Não existiu. Sem Vagner Love, suspenso, o treinador tinha a opção de lançar Bottinelli no meio-campo, mas deixou o argentino no banco. Luiz Antonio, até então titular, foi barrado.
A formação com Airton, Maldonado, Willians e Renato teoricamente deveria permitir os avanços de Léo Moura e Junior Cesar pelas laterais, mas sempre que um deles partia ao ataque era um Deus-nos-acuda na defesa rubro-negra. Sem cobertura, ambos se viram travados pelo ataque veloz e consistente do Lanús, que rondava a área de Felipe com frequência. Simplesmente não havia ligação entre meio-campo e ataque. Os chutões de David Braz e Welinton não davam em nada, e Deivid e Ronaldinho foram peças nulas a maior parte do tempo no gramado de La Fortaleza.
Pavone, Pavone, Pavone. O camisa 9 granate é o dono do time. O jogo argentino acaba sempre nele. O centroavante é finalizador, mas também tem velocidade. Em chute de longe, Felipe teve de se esticar todo para espalmar. E ainda tinha Neira e Valeri. Aos seis minutos, Valeri cruzou para a área, Renato e Deivid furaram, e Balbi ficou com a sobra na segunda trave. O chute forte parou no pé esquerdo do goleiro.
Apagado, Ronaldinho pouco apareceu e quase não encontrou a bola. Uma cobrança de falta na barreira foi o máximo. Pouco para o homem que Mano Menezes tem como pilar da Seleção Brasileira. Renato, em cobrança de muito longe, e Deivid, em chute da entrada da área, conseguiram levar algum perigo ao goleiro Marchesin. Ambos erraram o alvo.
Além de qualidade, faltou cuidado aos rubro-negros. Aos 20, Welinton tentou desarmar Pavone na área e solou o argentino. O árbitro marcou jogada perigosa. Em cobrança ensaiada, Araujo rolou para a marca do pênalti, Neira, sem marcação, bateu de primeira, e a bola explodiu no travessão de Felipe.
Lanús no ataque, Flamengo na defesa. O segundo tempo foi uma reedição do primeiro. O domínio argentino continuava, mas a retranca de Joel suportava bem. Em muitos momentos, o Rubro-Negro mantinha todos os jogadores dentro do próprio campo. Pavone, principal jogador granate, saiu mais da área e arriscou algumas jogadas individuais, mas sem sucesso. Tentou também um chute de longe que saiu sem direção. O técnico Gabriel Schurrer decidiu mudar. Lançou o atacante Romero no lugar do meia Neira.
O Flamengo passou a ter mais posse de bola a partir dos 20 minutos, mas errava na troca de passes. Além de jogar mal, Ronaldinho foi desatento. Numa inversão de bola da direita para a esquerda, armou um contra-ataque que deixou a defesa em apuros. O camisa 10, nada produtivo, quase criou um problemão. Joel decidiu mudar, aos 27. Airton saiu machucado para a entrada de Darío Bottinelli. Um minuto depois, Pereyra saiu no Lanús para a entrada de Carranza. A troca de Gabriel Schurrer funcionou de cara. Aos 29, em jogada de raça, os argentinos ganharam duas divididas pelo lado direito e chegaram à área brasileira. Pavone recebeu de costas para o gol, ajeitou com um toque, e Carranza fuzilou Felipe de esquerda para empatar: 1 a 1.
A igualdade deixou o jogo aberto. Com um volante a menos, o Flamengo passou a atacar mais e com qualidade, cresceu na saída de bola e até conseguiu envolver o adversário. Em cinco minutos, Bottinelli e Deivid tiveram boas chances. O argentino chutou duas vezes: isolou na primeira, livre na área, e parou em Marchesin na segunda. Deivid tentou de longe, e o goleiro novamente espalmou. Se Joel tivesse ousado um pouco mais, a estreia rubro-negra poderia ter sido com vitória. No balanço dos dois tempos, um resultado justo.
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